Um dia fui visitar Dona Mocinha,

pessoa que conheci vendendo pano bordado.

Ela estava  com os olhos pendurados de tristeza e me disse:
"O fruto não cai perto da árvore"

e ficou pensativa..

Tentei arrancar com as mãos aquela dor,

mas vi que sequer alcançava
de onde ela começou.

Fale comigo Dona Mocinha

e temi aquele pedido de tal olhar carregado
que me lançou.

Quando nascem os filhos, disse ela,

a gente educa todos iguais,

esquece-se uma volta na pracinha, um filme,

troca-se pelas asas coloridas do varal

e só depois
que estão banhados e alimentados

é que se dá conta do espelho..

Não quis a interromper

com pergunta cuja resposta uma hora viria.

Nessa hora chega uma vizinha e diz:

A dona Mocinha! Quando chegou aqui era
de dar inveja e agora veja você,

sem pintura, cabelo desgrenhado!

Ela docemente sorriu e disse: 

 É exatamente isso que vou fazer, dona Albertinha..!

E voltou a olhar para mim.

Vi a inveja trocando de boca entre elas,

afinal dona Mocinha continuava com suas
feições finas, dentes alvos e corpo esbelto, apesar de surrado.

Deixou se afastarem e continuou..
A pior coisa é você acordar cedo,

arar a terra, colocar as melhores sementes e
crescerem tortas ou sem idéia de dar frutos!

Dona Mocinha tinha a cultura

que não se adquire nos estudos,

mas na Escola da Vida!

Quando as crianças são pequenas,

você segura na mão para atravessar uma rua,
você diz o que é feio de fazer.

Depois que crescem tomam seus rumos e ainda
nos fazem sofrer com notícias ruins.......

Respeito?

Aquele que ensinei não foi,

mas o que aprenderam na rua.

Essa meninada
acha bonito o que nunca viram fazer!

Hoje, filha de minh'alma,

sequer vêm me ver!