Fiz o que teria feito, com a nobreza d’alma dos brasileiros, movido pelos mais elementares sentimentos de piedade cristã

Luiz Martins de Souza Dantas

 (18761954)




Foi um judeu que relatou, dolorido pelo "esquecimento" deste herói, que em Vichy/França, em 1940, Sousa Dantas salvara a si e a toda sua família da deportação e da morte subseqüente.

Fábio Koifman, historiador e diretor de Pesquisas da Universidade Estácio de Sá, publicou o livro sobre Dantas,"Quixote nas trevas", acreditando que por este embaixador brasileiro em Paris de 1922 até 1942 foram salvas mais de mil pessoas, o que veio a chamar mais a atenção sobre essa figura magnânima

Comprovadamente, pelas listas de imigrantes no território brasileiro e com passaportes diplomáticos assinados(sem competência para tal por ser atribuição de consulado e contra as recomendações oficiais do governo chefiado por Getúlio Vargas) se descobriu 475 pessoas salvas de serem deportadas para campos de extermínio.

Mas não foram só judeus. Homossexuais, comunistas e anti-nazistas foram salvas por Dantas.

De entre aqueles, o ator e teatrólogo polonês Zbignew Ziembinski  e  Raphael Zimetbaum, nascido em Antuérpia

Sousa Dantas denunciou, a partir de 1940, por correspondência oficial da Embaixada quer a existência dos campos de extermínio, quer a violência total da Gestapo.

 

Placa na frontaria da Embaixada em Paris:"Aqui viveu por 22 anos um grande amigo da França

Luiz de Sousa Dantas

Embaixador do Brasil em Paris de 1922 a 1944

Sousa Dantas foi admoestado pelo Ministério de Negócios Estrangeiros(ou de Relações Exteriores),tendo até processo administrativo,em 1941,pessoalmente constituído por Getúlio Vargas. Mas este processo foi "engavetado" pelo próprio GV ao serem cortadas as relações Brasil-Alemanha em 1942.

Sousa Dantas se serviu de todos os subterfúgios:datou os passaportes e vistos com datas anteriores ao recebimento das ordens de Itamaraty, concedeu para apátridas e até para estrangeiros incapazes de obter pelos meios legais; atribui vistos só com carimbo da Embaixada e autorização de poder viajar para o Brasil e também vistos para quem já houvera sido negado. Isto descumprido a norma de para cada caso ter de enviar telegrama para o Brasil a fim de obter autorização deste.

Passaporte com assinatura de S.Dantas

No mínimo, cada visto daria para chegar a Portugal, na inviabilidade de embarcar para o Brasil.

Souza Dantas até fins de 1942 foi embaixador em Vichy/França,mas em janeiro de 1943 foi internado em Bad-Godesberg/ Alemanha, até ser liberto em1944.
 

Busto em Paris


Reconhecido oficialmente pelo Museu do Holocausto (Yad Vashem) em Jerusalém, em 2003 foi proclamado Justo entre as Nações

Raphael Zimetbaum um das centenas de judeus salvos por S.Dantas ao lado do embaixador brasileiro Sergio Moreira Lima no Yad Vashem. (Photo: Yitzhak Harari)

Traduzido e adaptado por Henrique Ramalho