Por anos

o tímido cedro

olhava de longe

a beleza de sua amada

e por amor se rendia.

Acompanhava

seu ritual,

sua florada,

uma flor especial

chamada pinha.

No coração

já não cabia,

mas como lhe falar

sobre esse amor que lhe doía?!

Longilínio,

cones eretos,

folhas persistentes,

mas era por ela

que procuravam as aves

e as pessoas interessadas

no que produzia.

Que culpa

ele tinha?

Quando se viu já estava apaixonado

pela araucária,

poderosa e cheia de pinhas.

As outras riam,

caçoavam,

se divertiam.

Isso não está certo!

Onde já se viu

um cedro

querer polarizar

com outra espécie,

outra classe, outra linha!

- Não fui plantado,

se defendia.

Um pássaro

amando, como eu tenho amado..

- Ôh!

Vaiavam e o interrompiam..

 

Manhã, tarde, noite,

primavera, verão..

e num determinado dia

os ventos pareciam açoites.

Vieram com força de um furacão

e arrancavam folhas, raizes

 e as árvores gritavam,

gemiam..

 

Contam os estoriadores

de forma até bem detalhada

que o cedro,

todo ensangüentado,

ainda falou de amores

para a araucária, sua amada

enquanto se despedia..

rivkahcohen

 

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